sábado, 27 de setembro de 2008

Folder "Conheça a Malária"

Este Folder, fruto da parceria entre a Anvisa e o CPDMal da Fiocruz, informa o que é a doença, formas de transmissão, sintomas, períodos de incubação, grupos de risco que podem desenvolver suas formas graves, malária como emergência médica, áreas endêmicas e de transmissão de malária no Brasil e no planeta, medidas de proteção individual, noções de quimioprofilaxia e quando se pensar em malária? Também a relação completa com telefones atualizados dos Centros de Referência no Brasil onde se deve buscar por informações e por socorro médico especializado, além de um telefone 24 hs para informações complementares sobre as informações contidas no folder.

Tel. CPDMal-Fiocruz: 21.9988.0113

http://www.ensp.fiocruz.br/biblioteca/dados/txt_569194722.pdf

http://www.ensp.fiocruz.br/biblioteca/home/exibedetalhesBiblioteca.cfm?ID=5651&tipo=B

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Relatório da OMS sobre a malária no Brasil

Brazil had an estimated 1.4 million malaria cases in 2006, over half of the total for the WHO Region of the Americas. More than 350 000 cases were reported annually over the period 2001–2007, with a maximum exceeding 600 000 in 2005. Transmission occurs mainly in the Legal Amazon Region where 10–15% of the population is at risk. Almost all reported malaria cases are confirmed, and 19% were P. falciparum in 2007. IRS is the principal method of mosquito control, but is applied sporadically. The last round of IRS was in 2005. There is no national policy on the use of ITNs. First-line antimalarial drugs are apparently sufficient to treat all reported cases, and ACT was introduced in 2007. Funding for malaria control increased to more than US$ 100 million in 2006, provided exclusively by the government.

http://www.who.int/malaria/wmr2008/MAL2008-CountryProfiles/MAL2008-Brazil-EN.pdf

OMS critica situação da malária no Brasil; governo contesta dados

O Brasil é um dos 30 países com maior incidência de malária no mundo, segundo informações divulgadas nesta quinta-feira (18) pela Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre uma doença que é considerada uma "assassina de crianças"

O relatório afirma que as crianças "são as vítimas fatais em 85% dos casos" e que a África representa 91% do total de mortes.

Estima-se que houve 1,4 milhão de casos de malária em 2006 no Brasil, com concentração de casos na região amazônica, onde de "10% a 15% da população está em risco".

O Ministério da Saúde, entretanto, contesta os dados. Em comunicado divulgado em resposta ao relatório da OMS, o governo brasileiro critica a metodologia usada pelo órgão internacional e diz que a doença está em declínio no país. "Nos estados da Amazônia Legal -- Roraima, Rondônia, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Acre, Amazonas e Tocantins --, em 2006, foram notificados 549.184 casos, e não 1,4 milhão, como informa o relatório da OMS", diz o ministério, em nota.

A Colômbia também é citada no relatório da OMS entre os 30 países com alta incidência de malária, com 408 mil casos em 2006. Segundo a OMS, tanto lá como no Brasil quase todos os casos reportados foram confirmados.

Problema global

No mundo, 247 milhões de pessoas sofriam de malária em 2006 e 881 mil delas morreram, segundo a OMS. No entanto, o documento afirma que aconteceram progressos na África, onde Eritréia, Ruanda e São Tomé e Príncipe reduziram pela metade as mortes causadas por malária. O restante das mortes foi registrado principalmente na Índia e no Sudão, segundo o relatório da entidade.

A diretora-geral da OMS, Margaret Chan, destacou em entrevista coletiva que a malária pode matar "em 24 horas" e que é necessário colocar ao alcance da população os tratamentos mais eficientes existentes.

O maior uso de mosquiteiros tratados com inseticidas contribuiu em grande medida para o avanço na luta contra a malária e calcula-se que 39% da população do continente africano use este método de proteção.

Também aumentou muito o uso a longo prazo de mosquiteiros tratados, que são eficazes durante três anos e que representaram 70% das 36 milhões de unidades distribuídas dois anos atrás.

No entanto, o relatório ressalta que ainda "há muito que fazer", pois se estima que apenas 125 milhões de pessoas na África usem mosquiteiros, apesar de 650 milhões estarem em áreas de risco. Enquanto isso, 100 milhões de pessoas, sendo 22 milhões na África e 70 milhões na Índia, foram protegidas pela pulverização de interiores com inseticidas.

Fonte: G1

domingo, 21 de setembro de 2008

Malária – Quimioprofilaxia e Medidas de Prevenção*

*Proibida a reprodução deste artigo sem autorização do autor
Dr. Wanir José Barroso, Sanitarista, especialista em epidemiologia e controle de endemias pela Fiocruz/RJ.
E-mail: wanirbarroso@gmail.com

Quimioprofilaxia em malária só deve ser utilizada em situações muito específicas e prescrita por médicos especializados ou familiarizados com o aconselhamento a viajantes. A quimioprofilaxia em malária nada mais é do que o uso de medicamentos antimaláricos para uma malária que ainda não a contraímos e que não sabemos se vamos ou não contraí-la. É como se tentássemos “prevenir” a doença ou amenizar seus sintomas, ainda sem tê-la contraído, utilizando medicamentos que são prescritos em seu tratamento e cura, achando que ao se fazer isso não teríamos a doença ou não desenvolveríamos suas formas graves se fôssemos picados por mosquitos infectados. Esses medicamentos antimaláricos utilizados em doses sub-terapêuticas, como devem ser as doses quimioprofiláticas, têm apenas a função de eliminar um certo número de protozoários (Plasmodium) quando estes já se encontram no sangue do paciente infectado com o Plasmodium. Com isso, o aparecimento de sintomas pode ou não se retardar se o Plasmodium for ou não sensível ao medicamento utilizado.

Os medicamentos antimaláricos são específicos para curar malária apenas em doses terapêuticas e nem todos antimaláricos servem ou devem ser utilizados como quimioprofiláticos. Cada um desses medicamentos tem suas particularidades: uns são mais tóxicos, outros são de doses diárias ou semanais, outros são de eliminação lenta, outros podem desenvolver efeitos colaterais graves e outros podem até não oferecer efeito protetor nenhum, sendo que, para todos os antimaláricos utilizados em quimioprofilaxia, estes isoladamente e com o uso de doses sub-terapêuticas preconizadas para a quimioprofilaxia não conseguem curar pacientes que contraíram a doença, salvo raríssimas exceções.Ainda mais, a quimioprofilaxia em malária não evita a infecção malárica, isto é, não evita a entrada e a multiplicação do protozoário no organismo se picado por mosquitos infectados, e também não tem finalidades de cura, até porque em quimioprofilaxia as doses utilizadas são menores que as doses terapêuticas utilizadas no tratamento convencional. Medicamentos não são vacinas. Medicamentos antimaláricos ou curam ou não curam a doença e quando mal utilizados podem provocar resistência no protozoário, culminando com a falência terapêutica. Os que fazem uso de quimioprofiláticos e são picados por mosquitos infectados com o Plasmodium, têm no mínimo malária até a fase hepática da doença e desenvolverá a doença caso o Plasmodium se mostre resistente ao medicamento utilizado.Em quimioprofilaxia antimalárica deve-se considerar sempre as condições clínicas do viajante e o tempo de permanência em áreas sabidamente de transmissão da doença. A quimioprofilaxia só deve ser utilizada para quem vai para uma área de transmissão de P. falciparum onde não há nenhum socorro médico por perto, tolera bem os efeitos colaterais do medicamento e vai ficar por lá por um período no mínimo superior a 12 dias, que corresponde a um período médio de incubação da malária por P. falciparum. Infelizmente ainda existem poucos estudos sobre os efeitos adversos causados pelo uso contínuo desses medicamentos. Os medicamentos antimaláricos usados como quimioprofiláticos apresentam várias contra-indicações. Atenção especial deve ser dada a mulheres grávidas, recém-natos, idosos, portadores de doenças metabólicas e infecciosas, pessoas com problemas neurológicos e cardíacos e também para pessoas que tem que estar sob vigília permanente, como os pilotos de avião. Entre os efeitos colaterais indesejáveis relatados neste grupo de medicamentos que apresentam diferentes graus de toxicidade estão: sonolência, náuseas, diarréia, boca amarga, visão turva, zumbido, tremores, cardiotoxicidade, e entre as intolerâncias mais sérias as convulsões. Em malária o uso de medicamentos quimioprofiláticos pode retardar o início dos sintomas, alargando o período de incubação e às vezes não surtir efeito protetor nenhum, caso o Plasmodium circulante seja resistente ao medicamento que esteja sendo utilizado. Várias cepas de P. falciparum já se mostram resistentes frente a vários medicamentos antimaláricos em diversas regiões endêmicas. A cloroquina, por exemplo, não mais deve ser utilizada como quimioprofilático considerando que o P. falciparum já se mostra resistente a ela em cerca de pelo menos 90% das áreas endêmicas do planeta. O diagnóstico e o tratamento na fase inicial da doença têm objetivos semelhantes aos da quimioprofilaxia que é conseguir evitar o desenvolvimento de suas formas graves, cuja principal causa é o retardo de diagnóstico e de tratamento. Aquele que conhece os sintomas iniciais e suspeita estar com malária por ter freqüentado áreas de transmissão da doença e vai em busca de socorro médico para fazer o diagnóstico e iniciar o tratamento, tem sempre um melhor prognóstico do que aquele que faz uso de quimioprofiláticos. O uso indiscriminado e o uso de doses sub-terapêuticas de medicamentos antimaláricos são fatores de quimioresistência do Plasmodium, assim como acontece com as bactérias frente aos antibióticos. Um outro fator negativo e importante que sempre deve ser considerado é que esses esquemas utilizados em quimioprofilaxia causam uma falsa sensação de segurança, fazendo inclusive com que o viajante se exponha mais à picada de mosquitos transmissores, tornando-se mais vulnerável a contrair a doença, além de ter que aderir ao desconforto do uso de doses diárias ou semanais dependendo do medicamento utilizado. Quimioprofilaxia não deve ter suas finalidades “protetoras” confundidas com a de uma vacina. Em que pese estar fazendo uso de quimioprofilaxia, pode-se desenvolver a doença e suas formas graves se picado por mosquitos infectados. Contra a malária infelizmente, ainda não existe uma vacina específica e eficaz disponível. Em quimioprofilaxia antimalárica os níveis de proteção oferecidos são dependentes de vários fatores, como o uso regular de doses do medicamento, o fato do Plasmodium não estar resistente ao medicamento prescrito e ao paciente metabolizar, tolerar e eliminar bem o medicamento e não desenvolver efeitos colaterais indesejáveis. A quimioprofilaxia antimalárica, se indicada, deve ser feita estritamente dentro das orientações médicas recebidas, isto é, nunca se deve substituir o medicamento, o tempo de duração ou a posologia fornecida pelo médico que a prescreveu. Em resumo, a melhor prevenção contra a malária continua sendo: 1· Saber se está ou não em área de transmissão de malária, ou se existem pessoas contraindo a doença na região onde se encontra; 2· Evitar a picada de mosquitos em áreas de transmissão com o uso de repelentes, inseticidas, telas em portas e janelas, mosquiteiros ou não freqüentar áreas alagadas onde existam criadouros naturais; 3· Conhecer os principais sintomas iniciais da doença (febre, dores pelo corpo, vômitos, diarréia, dor abdominal, falta de apetite, tonteira, sensação de cansaço entre outros); 4· Pensar em malária se apresentar febre associada a outros sintomas sugestivos, por ter freqüentado áreas de transmissão da doença; 5. Saber onde buscar por socorro médico ou informações para obter o diagnóstico e o tratamento tanto na área endêmica como fora dela; 6· E não se automedicar; Localizar e encaminhar em áreas de transmissão de malária pacientes febris para diagnóstico e tratamento é a principal medida para conter surtos ou epidemias, evitando que a doença se alastre ou tome proporções epidêmicas. Enquanto houver alguém doente e sem tratamento nessas regiões haverá a possibilidade de outras pessoas também a contraírem. Os grupos mais vulneráveis a desenvolverem as formas graves da doença são: crianças, idosos, pessoas que contraem a doença pela primeira vez, mulheres grávidas e portadores de outras doenças infecciosas. A malária em qualquer região do planeta continua sendo uma doença parasitária das mais graves, de evolução muito rápida, mas curável desde que diagnosticada e tratada com a rapidez que a doença exige. A doença pode comprometer seriamente o funcionamento de diversos órgãos como o fígado, os rins, o baço, os pulmões e o cérebro além de evoluir para suas formas graves com o coma malárico e até mesmo o óbito em poucos dias, caso haja retardo de diagnóstico e de tratamento. O óbito por malária tem como causa a falência desses órgãos.Malária, principalmente a causada pelo P. falciparum, deve ser sempre considerada como uma emergência médica!